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Depois do ódio a volta à razão

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 29.9.2018

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A última pesquisa do Datafolha mostra que Fernando Haddad estará no segundo turno das eleições presidenciais e deverá ser eleito com folga presidente da República no dia 27 de outubro. Ele e Lula são os grandes vencedores. E o Brasil também porque mostrou-se solidário à indignação de Lula. Sua condenação foi injusta; foi decidida por um grupo de juízes e promotores federais constituídos em “Partido da Justiça” que o condenou por receber de uma empresa construtora um apartamento que ele não possui nem possuiu em troca de vantagens governamentais para o empreiteiro que não foram especificadas. Em outras palavras, condenou-o por um crime que sequer existiu.


Esse julgamento e condenação foram alcançados enquanto uma direita reacionária fazia ouvir sua voz e promovia o impeachment da presidente Dilma Rousseff, novamente sem provas, sem apresentar o “crime de responsabilidade” que a Constituição brasileira exige para um impeachment.


Nos dois casos – da condenação de Lula e do impeachment de Dilma – vimos a presença de um pacto associando o Partido da Justiça às elites financeiro-rentistas, e vimos a mesma estratégia: confundir a obediência aos procedimentos legais com a legitimidade; promover um julgamento que é contrário ao Estado de direito, porque nele ninguém pode ser condenado sem provas, nem ter seus direitos políticos cassados sem ter sido definitivamente condenado.


Lula e o PT cometeram muitos erros, mas está certo quando diz que está enfrentando uma conspiração política. Para condená-lo houve um acordo tácito dos “homens bons”, da elite “bem-pensante” com juízes e promotores decididos a moralizar o Brasil ainda que contra a lei e o direito.


A história nos diz que as direitas liberais e ricas rejeitam a democracia. Elas só a aceitaram quando a pressão pelo sufrágio universal não pôde mais ser contida. Lula e a democracia representam uma ameaça para os ricos? Não, significa apenas que poderão perder privilégios, principalmente os juros ainda muito altos que recebem do Estado. Significa que precisarão fazer compromissos com as classes populares, algo que para muitos parece impensável.


Esse comportamento das elites econômicas brasileiras, que se reafirma na loucura de apoiar um candidato evidentemente autoritário e misógino que representa uma grave ameaça para a democracia brasileira, é irracional, mas devemos lembrar que, desde as manifestações populares de junho de 2013 o ódio dominou a política no Brasil. Esse ódio desencadeou um grave processo de desconstrução da Nação que o governo do sr. Michel Temer vem realizando com empenho, aprofundando, assim, a crise política. As eleições presidenciais de outubro próximo são a oportunidade para a pacificação dos espíritos e para um novo começo.


Eleito, a primeira missão de Haddad será mostrar que governará em nome de todos os brasileiros. Segundo, que executará seu programa econômico no qual ele não apenas se compromete a combater os juros altos, o câmbio apreciado e os deficits em conta-corrente (que tanto interessam aos ricos e são a causa fundamental da quase-estagnação desde 1990), mas deixa claro que buscará resolver a crise fiscal instalada no país desde 2014 recuperando a receita pública e realizando a reforma da Previdência. A realização de seu programa com a habilidade política que sabemos ele ter significará a volta à razão.