O capital se faz e casa, não com dinheiro dos outros.
A economia egípcia quebrou seguindo um roteiro que a economia brasileira conhece bem. Incorreu em elevados déficits em conta-corrente, a dívida externa dobrou desde 2013, a libra egípcia depreciou-se brutalmente, e o Egito foi obrigado a recorrer ao FMI.
Enquanto os déficits em conta corrente eram em média 4% do PIB, o FMI nada tinha a objetar. O país “estava crescendo com poupança externa”. O Norte Global exportava mercadorias e capitais para o Egito.
Agora a festa acabou, e como sempre, a ortodoxia neoliberal atribui o problema a um fator exógeno: os gastos excessivos do Estado e o consequente déficit públicos.
Ela e seus clientes (o sistema internacional) “não tem nada a ver com isso”, embora tenham emprestado ao Egito muito mais do que deviam.
E explica a crise com os déficits públicos, que realmente foram elevados, mas a dívida pública egípcia nos últimos dez anos se manteve em torno de 85% do PIB
Naturalmente a ortodoxia neoliberal não fala da taxa de câmbio sobreapreciada sustentada por taxas de juros elevadas. Nem na política de crescer com endividamento externo.
E não fala no populismo cambial dos políticos que satisfaz os rentistas e a população em geral às custas da crise que vem em seguida.
Quando os países em desenvolvimento vão aprender que o capital se faz em casa - que se endividar em moeda externa é um grande erro?