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Luta de classes reacionária

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Página do Facebook, 16.12.2015

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As grandes manifestações de ontem contra o impeachment, assim como o manifesto dos intelectuais que assinei e participei do ato público na Faculdade de Direito da USP são uma indicação clara que os brasileiros estão dispostos a defender a democracia. É claro que os defensores do impeachment negam que se trata de um golpe, mas seus argumentos são vazios. Na verdade o que estamos vendo no Brasil é uma crise econômica e política que marca definitivamente o fim de um amplo e generoso pacto político - o Pacto Democrático Popular das Diretas Já, que nos deu a democracia e uma razoável diminuição das desigualdades econômicas. Foi um momento em que as classes sociais se juntaram, que pobres e ricos, democratas e liberais se associaram. Infelizmente, esse pacto começou a desmoronar com as manifestações de junho de 2013 e neste ano de 2015 entrou definitivamente em colapso. Foram muitas as causas. Há uma causa moral, a corrupção envolvendo políticos e empresários; uma causa econômica, a queda violenta dos preços das commodities em 2014; uma causa política, a inabilidade política do governo Dilma. Mas a principal causa é a grande guinada para a direita das classes médias tradicionais, em boa parte rentistas (cujos rendimentos são em boa parte de juros, dividendos e aluguéis). Essa classe relativamente rica sentiu-se esquecida, encheu-se de ressentimento e de indignação moral, e embarcou no projeto autoritário-liberal do impeachment. O que transformou esse processo em uma manifestação da luta de classes - não da luta dos trabalhadores para conquistar mais renda e poder (não há nada nessa direção), mas a luta de capitalistas rentistas que querem limitar os ganhos dos trabalhadores. Uma luta de classes profundamente reacionária, que não oferece qualquer solução real para os dois grandes problemas brasileiros: o do desenvolvimento econômico e o da diminuição das desigualdades.