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Guido Mantega

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota no Facebook, 15.5.2017

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Logo depois de haver saído do Ministério da Fazenda, encontrei meu colega da Fundação Getúlio Vargas, Guido Mantega, no restaurante dos professores em São Paulo. Disse-me ele que agora precisava ganhar dinheiro em consultoria, porque se descapitalizara nos quase doze anos nos quais serviu o Brasil como ministro.

De algum tempo para cá ele foi vítima de delatores premiados. Hoje, na Folha, na primeira entrevista que concedeu em três anos, Guido afirmou que essas essas delações “são uma humilhação, minha vida virou um inferno”. Conhecendo como conheço Guido, posso imaginar quão ferido ele se sente na sua honra.

Também hoje, confirmando meu post de ontem segundo o qual os delatores premiados só têm sua delação aprovada se acusarem quem a operação Lava Jato entende que deve ser acusado, o Valor publicou trechos de depoimento que Guido Mantega prestou ao TSE, do qual transcrevo algo que todos os brasileiros deveriam saber:

"Mantega afirmou ainda se tratar de uma 'mentira' que a Medida Provisória do Refis, encaminhada ao Congresso em 2009, teria sido feita para beneficiar o grupo Odebrecht. Marcelo contou em delação premiada que fez uma doação de R$ 50 milhões à campanha de Dilma, por meio de caixa 2, como contrapartida à votação da MP. 'O Refis da Crise foi feito justamente porque o país se encontrava enfrentando a grande recessão mundial que afetou todos os países'. O ex-ministro sustentou que o interesse das empresas seria, na verdade, a aprovação de um jabuti na Medida Provisória 460, que criava o Minha Casa, Minha Vida. 'Eles queriam uma saída... Eles queriam que a gente fizesse uma medida que pudesse eliminar esses R$ 50, R$ 60 bilhões, eles diziam que iam quebrar.' O jabuti isentava as empresas do pagamento dos créditos-prêmio. Segundo Mantega, quando a MP foi para sanção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele recebeu 'umas 12 cartas' de empresas, pedindo que não vetasse o dispositivo - mas Lula acabou vetando o jabuti".