OTHER TYPES OF WORKS

  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 01-2021
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano
  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • capa-novo-desenvolvimentismo-duplicada-e-sombreada
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism

Causas da recessão

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Nota na página do Facebook, 26.8.2016

.


O Brasil enfrenta a pior recessão de sua história, e no entanto os economistas convencionais só falam de uma coisa – a presente crise fiscal – como se fosse ela a causa dessa recessão. Na verdade, é muito mais uma consequência do que uma causa. Não foi apenas a política fiscal equivocada de 2013 e 2014, marcada pelas desonerações de impostos, que causou a crise fiscal atual; foi também a própria recessão e a decorrente queda da receita tributária. As verdadeiras causas da recessão atual foram (1) a brutal queda do preço das commodities exportadas pelo Brasil no segundo semestre de 2014, (2) a grande sobreapreciação da taxa de câmbio desde 2007, que levou as empresas industriais a sofrerem uma queda da taxa de lucros de 16,5% em 2010 para 4,3% em 2014, (3) a manutenção da taxa real de juros Selic em termos reais girando em torno de 9% ao ano nesse período, (4) o grande endividamento das empresas associado à queda de seus lucros, (5) os erros fiscais de 2013-14 que, somados à queda dos lucros, levaram (6) à perda de confiança no governo, (7) a política de ajuste fiscal equivocada de 2015, quando o país já estava em plena recessão, e, finalmente – em consequência de tudo isso – (8) a fragilização financeira das empresas e sua necessidade de reduzirem suas dívidas e (9) a paralisação dos investimentos. É preciso, sem dúvida, enfrentar a crise fiscal, mas ela só será superada com o retorno do crescimento.

Enquanto leio e ouço a “estória” ortodoxa sobre a crise fiscal “estrutural” (não obstante o Brasil tenha atingido suas metas fiscais entre 1999 e 2012), eu tenho insistido que as causas são muitas, e, entre elas, a mais importante foi a alta sobreapreciação cambial no longo período que vai de 2007 ao primeiro semestre de 2014. Foi ela que reduziu a taxa de lucros e levou as empresas a se endividarem. Hoje, porem, lendo o Valor, dei-me conta que há ainda gente que pensa no Brasil ao invés de repetir fórmulas ortodoxas (ou então heterodoxas). Em entrevista, João Sayad afirmou que “câmbio valorizado é a armadilha que nos acorrenta desde 1994”, e, enquanto as autoridades econômicas só falam em ajuste fiscal (aliás, necessário em relação à despesa corrente do Estado), parecendo ignorar que precisam agir para apoiar as empresas, o BNDES destoa e cria uma linha de crédito para ajudar as empresas nas compras de empresas em recuperação.