OTHER TYPES OF WORKS

  • 08-1984-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1983
  • 12-1982-capa-a-sociedade-estatal-e-a-tecnoburocracia
  • 10-1998-capa-reforma-do-estado-para-a-cidadania
  • 15-1968-capa-desenvolvimento-e-crise-no-brasil-1930-1967
  • 05-2010-capa-globalixacion-y-competencia
  • 16-2015-capa-a-teoria-economica-na-obra-de-bresser-pereira-3
  • 09-1993-capa-economic-reforms-in-new-democracies
  • 03-2018-capa-em-busca-de-desenvolvimento-perdido
  • 11-1992-capa-a-crise-do-estado
  • 05-2009-capa-mondialisation-et-competition
  • 01-2021
  • 06-2009-capa-construindo-o-estado-republicano
  • 10-1999-capa-reforma-del-estado-para-la-ciudadania
  • 05-2010-capa-globalization-and-competition
  • 2006-capa-as-revolucoes-utopicas-dos-anos-60
  • 07-2004-capa-democracy-and-public-management-reform
  • 2014-capa-developmental-macroeconomics-new-developmentalism
  • 17-2004-capa-em-busca-do-novo
  • 09-1993-capa-reformas-economicas-em-democracias-novas
  • 05-2009-capa-globalizacao-e-competicao
  • 01-2021-capa-new-developmentalism
  • 13-1988-capa-lucro-acumulacao-e-crise-2a-edicao
  • 04-2016-capa-macroeconomia-desenvolvimentista
  • 02-2021-capa-a-construcao-politica-e-economica-do-brasil

Um liberal no governo da Argentina

Luiz Carlos Bresser-Pereira

Postado no Facebook em 24 de novembro de 2015.

.


Com a eleição de Mauricio Macri para presidente da Argentina, o governo desenvolvimentista de Duhalde e dos dois Kirchner cede lugar a um governo liberal. O que muito satisfaz o Oeste, ou seja, o establishment mundial imperial, e também as elites locais liberais subordinadas, para os quais os Kirchner se tornaram inimigos, porque lograram reduzir a dívida externa da Argentina em 75%, e porque mostraram sempre independência em relação a esse Oeste. Para eles o governo dos Kirchner foi um fracasso - o que está longe de ser verdade - e um governo liberal trará a felicidade para todos...

Na verdade, o desenvolvimentismo argentino foi muito bem sucedido até 2008, beneficiado pela grande elevação do preço das commodities, e pelas "retenciones" sobre a exportação de soja, carne e trigo, que impediram que a taxa de câmbio se apreciasse devido a esse aumento de preços. Em consequência o país começou a se reindustrializar, e as taxas de crescimento giravam em torno de 7% a 8% ao ano.

Mas, a partir de 2009, a taxa de crescimento caiu, porque houve a Crise Financeira Global de 2008, porque, diante da inflação que o alto crescimento trouxe sem que a oferta local pudesse acompanhá-lo, o governo decidiu usar o câmbio para segurar a inflação e esta taxa se apreciou, e, um pouco mais tarde, porque os preços das commodities caíram. Em consequência, a taxa de crescimento caiu, e o saldo em conta-corrente, que era positivo, zerou ou tornou-se ligeiramente negativo. Felizmente para a Argentina e sua indústria, a taxa de câmbio não logrou apreciar-se ainda mais porque existe na Argentina um impedimento a isto. A Argentina continua sem acesso aos mercados mundiais, e, portanto, a taxa de câmbio não pode cair mais ainda, porque não há como financiar o déficit em conta-corrente. Mas apreciou-se no mercado interno paralelo, na medida em que o governo era obrigado a controlar capitais.

Assim, compreendemos porque as taxas de crescimento dos últimos anos foram insatisfatórias. Mas o governo não perdeu o controle da economia, como aconteceu no Brasil, e o crescimento médio do período todo foi satisfatório.

Agora temos um governo liberal. Nenhum governo liberal deu certo na Argentina desde 1950. Nem os liberal-autoritários, comandado por militares, nem os liberal-democráticos, que levaram o país a grandes crises financeiras. O que provavelmente acontecerá será o governo tentar recuperar a todo custo o crédito internacional da Argentina (o que não é bom para ela) e ao mesmo tempo extinguir as "retenciones" ao invés de torná-las variáveis. O resultado serão elevados déficits em conta-corrente e na correspondente taxa de câmbio valorizada, que, novamente, inviabilizará a indústria argentina e o crescimento do país. Vamos esperar.